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Uma "história" qualquer...

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Ele caminhava pelas ruas, a noite estava alta, e tudo parecia silencioso, tirando alguns latidos de cachorro e risadas vindas das casas. O garoto era alto, estava com um moletom preto, com o capuz na cabeça, andava rapidamente e silenciosamente, como se já fosse acostumado a andar pelas ruas durante a noite, sem ser visto. Talvez porque realmente fosse.
            A garota baixinha de cabelos ruivos saiu de casa, era noite, seus pais dormiam, mas não fazia mal, não era fora do comum ela dar uma escapulida durante as madrugadas de sexta feira. Também estava com um moletom preto, ele ficava largo em seu corpo, mas a calça jeans colocada, também preta, chamava atenção para o belo corpo dela.
            Chegando no segundo cruzamento após seu prédio, o garoto viu a ruiva o esperando, ela estava batendo os pés no chão nervosa, como se contasse os segundos para ele chegar, e com certeza ela falaria algo sobre como pontualidade era importante, ou talvez não.
            -Qual é Bill, o que falamos sobre horários? – ela fala assim que ele chega, cumprimentando-o com um abraço. Ele a abraça sentindo o cheiro de rosas que ela possui e ri.
            -Já falei que não nasci pra seguir um relógio Haley – ela ri e revira os olhos – Mas vamos de uma vez? – ela dá de ombros e concorda.
            -Vamos que o Brian e o Chad devem estar esperando – os dois seguem a passos rápidos até um galpão que parece abandonado, mas na verdade só está sem uso para a empresa do pai de Chad, que empresta para eles.
            -Chegaram os pontuais – berra irônico Brian, que leva um tapa no pescoço, dado por Haley.
            -Cala a boca, idiota, você não tem moral pra falar – ela diz e vai até as guitarras, prende o cabelo e pega uma, começando a afinar. Bill pega outra, e espera ela terminar para afinar a dele. Chad já montou a bateria, e Brian está com o baixo pronto para tocar.
            -Pronto aí Bill? – Haley pede levantando e indo até o microfone que tem ali.
            -De fé – ele diz sorrindo e pisca para a garota, que cora, mas olha para guitarra, fingindo ver algo nela de diferente. Os outros dois garotos reviram os olhos, e Chad se segura pra não berrar que é pros dois se beijarem de uma vez e pararem de enrolar no que sentiam.
            -No quatro! Um, dois, três, quatro– Chad berra. Haley começa o solo da música que eles mesmos compuseram, e então a música começa, os quatro em perfeita sincronia tocando uma música diferente, que mostrava que a juventude ainda tinha esperança e que apesar daquele mundo louco.
            -Ei caras, que música irada – eles escutam alguém entrar e falar assim que eles terminam, é um grupo de jovens que estavam na rua, provavelmente indo para alguma festa – Tem problema se a gente ficar vendo o ensaio de vocês?
            -Só não quebrem nada – Haley falou dando um sorriso, e continuando a tocar, e os garotos que chegaram foram chamando mais pessoas para ouvi-los tocar. E o que era para ser um ensaio qualquer em uma madrugada de sexta feira, virou o primeiro show de uma banda sem nome.
            Quando acabaram, todos pediam por mais, eles tocaram mais duas músicas, e o pessoal começou a dispersar. A garota já estava suada, assim como os outros caras da banda, tanto que Haley tinha tirado o moletom, revelando estar só com uma regata preta, que deixava seu corpo bem definido a mostra.
            -Ei, antes de irem, posso falar com vocês? – um senhor vestido de uma maneira mais formal se aproximou deles. Haley ergueu uma sobrancelha, mas deu de ombros. Chad e Brian acenaram que sim e Bill estava ocupado demais olhando para a ruiva que não respondeu nada – Eu sou produtor, e vocês são muito bons, deveriam se inscrever nesse festival, vocês tem grande potencial – ele dá um bilhete para Haley, que aparentava ser a líder.
            -Ah... Tá – ela fala dando um sorriso ainda em duvida.
            -Agradeça ao meu filho, que entrou aqui, estava indo pra um show aqui perto e parou, pois como ele descreveu “O som é irado pai, tu tem que vir aqui ver eles”. Eu vim, e não me arrependi – ele sorriu – Espero vocês lá – e dizendo isso ele saiu, sem ao menos falar seu nome, ou pedir o nome da banda deles.
            -Hum... O que vocês acham? – Haley pergunta, olhando para o papel meio confusa, nunca pensou em tocar como profissional, a banda deles era mais que algo para se distraírem.
            -Sei lá, parece legal, pelo menos pelo fato de tocar pra uma plateia – Chad responde – Acho que depois que o Bill limpar a baba ele vai concordar comigo – todos riem, ainda mais quando Bill passa a mão na boca, fingindo limpar uma baba, e olha com raiva para o amigo, mas cai logo em seguida na risada.
            -Precisamos de um nome pra banda, se vocês quiserem mesmo ir, só uma coisa, isso aqui pode mudar nosso futuro, acho que ninguém tava levando a banda a sério, tipo se der certo, podemos virar famosos e vivermos disso – ele aponta pros instrumentos musicais – É isso que a gente quer, será?
            -Nossos pais podem não querer – Brian fala, mas dá de ombros – Eu acho que vale a pena tentar, qual é, mal não vai fazer, é capaz de nem ganharmos.
            -E se der certo?
            -Ai a gente vê – Haley responde – Temos muito tempo pela frente, qual é, é só um show.
            -Tá então, falamos com os nossos pais, e nos escrevemos, pode ser assim? – Chad fala, e todos concordam – Certo, agora to indo galera, que eu tenho que estar lindo pra sair com a minha garota amanhã – algumas piadinhas surgem e ele ri, piscando, mas saindo do galpão, e eles ouvem a moto de Chad arrancar, levando ele para casa.
            -Fui também, tenho que ir na igreja amanhã – Brian falou dando um sorriso maroto.
            -Igreja? Tem certeza que é na igreja Brian? – fala Bill com um sorriso irônico.
            -É pra ver a Faby, mas foda-se – ele dá de ombros e saí, deixando só Haley e Bill ali. A ruiva pega seu moletom, que estava jogado e as chaves do galpão para fechá-lo.
            -Vamos? – ela pede, ainda sem o moletom, e sorri para Bill, que sorri, e a ajuda a fechar tudo. Os dois saem, e veem que o sol já está nascendo.
            -Ei, já que demoramos mesmo, vem num lugar comigo?
            -É muito longe?
            -Não, logo ali, é bonito ver o sol nascer dali – ele a leva para uma praça, que fica bem no alto do morro, que fica apenas há alguns metros do lugar onde estavam. Ele sobe em uma árvore e senta em um galho que parecia um banco, ela sobe também e senta do lado – Viu, é bonito – ele sussurra mostrando a vista maravilhosa do lugar, ela sorri.
            -Pode crer – ela encosta a cabeça no ombro dele, que passa o braço em volta da cintura dela e a segura perto de si.
            -Promete uma coisa?
            -O que?
            -Se der certo isso daí, esse show aí da banda der certo, você vai continuar sendo você?
            -E por que eu mudaria? – ela dá um sorriso bobo para ele, que sorri ficando envergonhado.
            -Não sei, iria ter mil caras em volta de você, sabe, eu ia me torar inútil – ela revira os olhos e aperta uma das bochechas dele.
          -Eu ia continuar me importando só com um seu idiota – ela responde, e ele ri, parando e raciocinando o que ela disse.
            -Quem seria esse idiota?
            -Você – ela responde corando, e então, o garoto toma coragem e a puxa para um beijo, um beijo que mudaria as coisas. A banda daria certo, eles virariam famosos, só que com uma vantagem, Haley e Bill estariam juntos como namorados e depois como marido e mulher.
            E essa, foi só uma história qualquer que poderia estar acontecendo em uma madrugada fria como essa, com os jovens que posso ver se beijando daqui em cima daquela árvore, fecho minha janela, apago as luzes e adormeço ouvindo uma música qualquer do Green Day.

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