O vento batia em seus cabelos, fazendo com que os cachos que davam a ele um ar de anjo ficassem perfeitos, de uma maneira estranha ver aquela cena comum fez meu coração bater mais rápido, eu estava sendo boba é claro, eu só estava indo atrás dele para consola-lo, a garota que ele estava namorando tinha o traído e pelo seu rosto tinha chorado e talvez até bebido. E como amiga, conselheira e praticamente uma “mãe” de todos os meus amigos era meu dever ajudá-lo.
-Oi – eu sussurrei chegando do seu lado, todos riam no restaurante, enquanto ele tinha ido para a varanda olhar o mar e a lua cheia. Tiago não estava nada bem, ele amava os jantares da turma e normalmente quem ia pegar um ar era eu, não ele. Tiago me olhou, e deu um leve sorriso.
-Tava demorando pra vir – ele disse e voltou a olhar para o mar, se apoiando na encosta da varanda, eu sorri, ajeitando meu casaquinho, apesar de tudo a brisa do mar estava gelada – Achei até que tinha desistido, ou estava bolando um jeito de falar que não peguei a Tina com outro cara.
-Eu não desisto de saber o que se passa com o meus amigos, e eu vi o que ela fez, não poderia tentar defende-la, não nisso. E você sabe muito bem que eu só a defenderia se ela fosse inocente – falei calmamente e me apoiei do seu lado, olhando para o horizonte e vendo que o céu estava estrelado – Ainda mais sendo que ela traiu você.
-Eu sei, essa seria a oportunidade perfeita de crucificá-la e mostrar como você estava certa dizendo que eu ia me ferrar com ela. Mas o mais estranho nisso é que só estou me preocupando com a minha reputação, fiquei com a Tina só pra te irritar, na real é um alívio ter me livrado dela – eu revirei os olhos com o comentário dele, a cabeça de Tiago era confusa, de todos os garotos eram na verdade, mas suspirei, eu sempre conheci a fama de Tina, aumentei um pouquinho porque eu sempre tive um sentimento estranho de posse sobre Tiago, e tinha ciúme de todas as garotas que ele ficava, porém nunca me imaginava do seu lado. Ficamos algumas vezes, mas eu que nunca quis algo sério, acho que eu sempre tive medo de me machucar.
-Se você não gostava dela poderia ter deixado-a livre, ela não teria te traído, e acho que por estar com a garota só por diversão você mereceu o título de corno, isso é crueldade, sabia? – eu resmunguei, e notei que Tiago me olhou.
-Por que é crueldade, Alice? – minha pele se arrepiou quando ele disse meu nome, a voz dele pareceu mudar, e o sorriso no rosto dele indicava que ele queria me irritar. Era um sorriso irônico adorável.
-Porque é crueldade enganar os sentimentos de uma garota quando você só quer se divertir – retruquei e o encarei com raiva, Tiago tinha a péssima mania de namorar garotas vadias, que ele não gostava, e que normalmente implicavam comigo, daí eles terminavam (por minha causa, que era apenas uma amiga).
-Não queria só me divertir, só achei que iria esquecer outra que me trata com indiferença – ele respondeu dando de ombros e não desviando o nosso olhar.
-Aposto que a garota não era indiferente, e só por você viver agarrado com outras desistiu de correr atrás, ou nunca pensou na hipótese por pensar que não tinha chance! Aposto até que eu conheço a garota – retruquei pensando na maioria das meninas que eu conhecia e amavam Tiago.
-Conhece e muito bem, e aposto que está errada, nós até ficamos e ela sempre agia como se não tivesse importado.
-Depende de quem era, podia ter medo, ou simplesmente na época não pensou que estivesse interessado.
-Ter medo do que? E eu sempre demonstrei interesse...
-De ser mais uma que você iria namorar por diversão? Sendo que sua sensibilidade é menor do que uma pedra, penso em como você demonstrou interesse...
-Escrevi músicas pra ela...
-E disse que era pra ela?
-Ela iria me bater!
-Isso não é demonstrar seu medroso!
-Mas que droga Alice, como eu ia demonstrar que eu sempre gostei de você se você também estava sempre rodeados de garotos, sempre tinha uma resposta, nunca parecia perceber as coisas, sempre tão distante e tão fechada, sempre me empurrando para outras garotas, e sempre parecendo me tratar como todo mundo? – eu abri a boca para responder, mas quando a realidade das palavras me chocou, senti minhas pernas ficarem bambas, o que ele havia dito? Ele gostava de mim? Mesmo?
-Ah... Você andou bebendo né?
-Viu, mesmo eu falando que gosto de você, que preciso de você, que só você é a garota que eu quero, você não consegue acreditar nisso, ou é por que não gosta de mim? – a voz dele quase tremeu na segunda parte, eu senti meu rosto corar, e meu coração pular. Sim, eu gostava dele, sempre gostei, mas nunca admiti. Mordi o lábio e então o olhei.
-Eu também gosto de você, Tiago – eu sussurrei, e então o garoto deu o sorriso mais bonito do mundo, e seus olhos brilharam tão belos, que senti que realmente ele me amava.
-Então por que sempre fugiu de mim?
-Eu tinha medo.
-Medo do quê?
-De amar e me machucar.
-Mas eu não vou machucar você, eu prometo – e então ele me puxou para perto de si, e mais uma vez me beijou, envolvendo cada centímetro do meu corpo com a melhor sensação do mundo: a de amar e ser amada.
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