Oi, tem alguém aí?
Todo mundo sabe quem é o Osho, mas nem todo mundo parou para
ler os livros (que, na verdade são transcrições de suas palestras).
Eu era uma dessas pessoas que diria “Ah, Osho, legal”, mas
não saberia exatamente dizer para alguém sobre o que o Osho tratava.
Estou lendo a Jornada de Ser Humano, que é um desses livros
dele, e, sinceramente, continuo não sabendo dizer sobre o que é, porque ele
fala sobre tudo de uma maneira tão simples, que é quase um tapa na cara atrás
do outro durante a leitura.
Mas não vim falar sobre o livro, isso não é uma resenha. É
só uma introdução.
Uma introdução pra quê?
Aos devaneios de hoje.
Lendo o livro do Osho eu parei para pensar sobre diversos
assuntos, já que ele trata sobre diversos assuntos nessa coletânea, e nessa
última semana - com todos os acontecimentos que estão rodeando minha vida nesse
finzinho de inferno astral e friozinho na barriga pré-aniversário- o que eu
mais tenho pensado é como nos prendemos dentro de nós mesmos quando
envelhecemos.
A angústia da humanidade e da mortalidade que cerca todos
nós, nos pega e com o tempo paramos de sorrir para o mundo, não entramos mais
em conversas aleatórias, paramos de tentar interagir e nos escondemos em uma
solidão (ás vezes disfarçada de companhia) inexplicável.
A gente se prende.
Começa a achar “Ah não, vou dar oi pra ele e vai com certeza
acabar em confusão ou crush, não interessa se ele só está falando de
Marx/Sartre/algum-assunto-que-você-queira-muito-falar-como-Star-Trek-Por-Exemplo,
com certeza vai me achar estranha”, ou “ah não, ela vai me achar metida se eu
elogiar a roupa dela/ o cabelo/
qualquer-coisa-que-você-tenha-achado-bonito-e-queira-elogiar”, começamos a
emitir julgamentos e ficamos na nossa.
A gente envelhece e acha que tudo o que fazemos vai ser
julgado, negado, refutado, ridicularizado.
Nosso ego acha que todo mundo está contra nós o tempo todo,
e isso até pode ser verdade (ás vezes), mas metade do mundo não liga pra você,
e a outra metade vai adorar receber o elogio e o “oi” e não vai achar que isso
é uma cantada, uma tentativa de ter um relacionamento ou maldade.
Temos que nos lembrar disto.
Não podemos deixar
que algum trauma, alguma coisa em algum momento que deu errado nos prenda, não
é só porque um cara aleatório do corredor da faculdade que você deu bola se
provou um babaca que todos os outros caras vão ser assim. Não é porque a garota
aleatória da sala te odeia, que todas as garotas aleatórias do seu curso vão te
odiar.
A Amanda Palmer, no livro a Arte de Pedir conta um episódio
que houve um abuso da sua boa vontade em um momento específico, ela conta como
se sentiu invadida, como sentiu sua confiança no mundo quebrar um pouco, porém,
depois ela refletiu e entendeu que só porque uma pessoa babaca estragou um
bom momento, não significava que ela tinha que fechar a sua vida para outras
pessoas e outras oportunidades, porque na maior parte do tempo as pessoas se
mostravam legais e dispostas a viver o momento com respeito e amor.
Pessoas ruins, babacas, seja lá como queira chamar, existem,
e infelizmente a minha geração tem muita gente babaca (somos todos um bando de
narcisistas egocêntricos), só que também tem um bando de gente maravilhosa que
está tentando deixar o narcisismo e o egocentrismo de lado para espalhar
energias positivas e amor no mundo.
Não podemos deixar essa boa vontade, essa energia boa se
perder por causa dos outros, ou porque estamos cansados.
Envelhecer e ver que o mundo tem muito ódio cansa, é também
é um dos motivos pelo qual acabamos querendo guardar nossa energia, nossos
elogios, nossa boa vontade, para nós.
Mas esse mundo ainda tem muita coisa boa.
Se não espalharmos o que temos de bom dentro de nós aí sim o
ódio ganha.
O mundo é feito de luz e trevas, caos e ordem, nós não
conhecemos o amor, sem conhecer o ódio, porém, não podemos deixar que o oposto
negativo vença, e só podemos fazer isso se continuarmos para sempre crianças,
sem deixar que a velhice tome conta.
Sem nos deixar prender.
Se você vê as sombras é porque há luz.
Seja a luz.
Mas não guarde a luz dentro de você, espalhe-a no mundo em
forma de amor.
E se for ferido, lembre-se: você vai voltar mais forte.
Não se deixe prender.
E quando notar que está começando a se prender... Respire
fundo, pense o que está te incomodando, cure-se e volte a se libertar.
Espalhe o amor.
Beijos de luz,
B.
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